terça-feira, 21 de março de 2017

A construção da telenovela

Lê-se bem e depressa o livro Telenovela, Indústria & Cultura, Lda. Primeiro, o título é muito feliz. Depois, porque o autor escreve de modo muito compreensivo. Em terceiro lugar, trata de um tema atual.

O livro é sobre uma telenovela, Mar Salgado. O autor, docente e crítico de televisão, acompanhou a construção da telenovela durante oito meses, reuniu com os argumentistas e falou com responsáveis da empresa SP Televisão que fez a telenovela para a SIC, acompanhou o planeamento da gravação, visitou os locais da gravação, entrevistou a autora do argumento, um dos protagonistas e a responsável da telenovela e reuniu dados sobre a audiência. Isso levou o livro a articular entre análise e documento (a partir de citações das conversas que foi tendo), muito mais perto do registo jornalístico do que do aparato teórico.

O livro tem 29 pequenos capítulos, desde um levantamento histórico do folhetim e da radionovela à fábrica, à escrita, aos interiores e exteriores, à representação naturalista e à distinção entre montagem e edição. Mas também escreveu sobre o merchandising social, a publicidade, a exportação (de novelas ou argumento) e do sucesso em termos de audiência.

O autor começa por explicar que a telenovela é o suporte da pequena indústria de audiovisual do país, ocupando algumas centenas de pessoas, de artistas a argumentistas, realizadores e técnicos. A telenovela é um folhetim industrial em que muitas marcas pessoais que existem no cinema se diluem aqui. Ele também salientou a grande quantidade de personagens e a repetição de núcleos ricos-médios-pobres e a mistura de modelos melodramático, trágico, cómico e burlesco.

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