quarta-feira, 26 de outubro de 2016

História da Comunicação em seminário


O Grupo de Trabalho de História da Comunicação da SOPCOM realizou ontem em Braga o seu primeiro seminário, com apoio e organização do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Nos oradores convidados, estiveram Antônio Hohlfeldt (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Alberto Pena Rodríguez (Universidade de Vigo) e Manuel Pinto (Universidade do Minho).

Para Antônio Hohlfeldt, existe uma continuidade entre os velhos e os novos media, o que fascina uns pela novidade e instaura uma onda de preconceitos aos que pensam ainda nos velhos meios. Ele vê o mesmo tipo de práticas e deu um exemplo: hoje, coloca-se uma fotografia no Facebook; há um século, um leitor enviava a fotografia para o editor de um jornal publicar. Com referências a McLuhan e Lúcia Santaella, retirou desta a ideia de nenhum meio de comunicação ter desaparecido sempre que surge um novo. Lembrando uma experiência profissional em Montreal na área da rádio, trinta anos atrás, falou da adequação das ondas curtas de então à internet de hoje. O seu foco é a relação entre história e comunicação, partilhado aliás pelos outros participantes da mesa. O professor brasileiro lembrou ainda a importância da história cultural, citando um recente livro de Marialva Barbosa, e a necessidade urgente de se fazerem estudos comparados dos media, caso dos países de língua portuguesa.

Manuel Pinto fez a sua comunicação a partir da sua experiência como docente de história da comunicação e dos media, criticando a visão comum da cronologia, ou sucessão de factos, sem a contextualização e interpretação desses factos. Um segundo ponto da sua intervenção apontou para a tradição etnocêntrica da história, da perspetiva ocidental quanto se escreve sobre outras culturas e histórias. Uma outra crítica levou-o ao caráter instrumentalista da comunicação, com a apologia da tecnologia no centro da evolução ou modernidade. O professor da Universidade do Minho analisou ainda o lugar da história da comunicação nos currículos das licenciaturas do país, concluindo de 21 cursos que analisou existem 20 com unidades curriculares de História: oito chamam-se História dos Media, cinco História do Jornalismo, duas História da Comunicação e dos Media e cinco outras adotaram diferentes designação.

Alberto Pena Rodríguez apresentou quatro razões fundamentais para a existência de unidades curriculares no ensino da história da comunicação: epistemologia (a história encontra causas e consequências que conduzem aos processos que explicam onde estamos), inovação (que ajuda a compreender a tradição e a consequência de situações usando os dois termos), transversalidade (através de disciplinas, métodos, técnicas, rotinas) e significação cultural e social (o estudo do significado histórico para compreender as situações e as mudanças na sociedade). Ele teve ainda tempo para, seguindo o apelo de Antônio Hohlfeldt, apresentar um projeto em curso da história da imprensa luso-americana, onde retém, de entre outros aspetos, o olhar dos emigrantes face ao país de nascimento e as redes comerciais que eles estabelecem.

Como moderador da mesa inicial, Jorge Pedro Sousa prestou informações importantes para quem investiga a área, caso do próximo lançamento do primeiro número da revista do grupo de História da Comunicação (número zero). Salientou também o destaque a dar à página de Facebook do grupo (História da Comunicação) e recomendou o acompanhamento de congressos em 2017: Historiadores de Comunicação, a nível ibérico, no Porto, em setembro, e SOPCOM, com secção do grupo.

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