quarta-feira, 23 de julho de 2014

A Rádio em Portugal, 1941-1968

livro
Cada livro parece ser mais importante que os anteriores, pois cada um deles tem uma história, uma razão de ser e uma contextualização da investigação e da sua produção. É o que eu penso após a saída de A Rádio em Portugal, 1941-1968, publicado pela Colibri em 2014, e que representa o meu esforço de continuação da escrita da história da rádio em Portugal, após As Vozes da Rádio, 1924-1939, publicado em 2005 pela Editorial Caminho.

Agora, a procura de informação foi ainda mais rica. A jornais, revistas e memórias de profissionais, procurei nos arquivos do SNI e da RTP e ouvi antigos profissionais. Questões como concursos (Rainha e Rei da Rádio), programas em ondas médias e FM, produtores independentes, concursos de locutores do SNI, publicidade, géneros radiofónicos (relatos desportivos, notícias, programas infantis, teatro radiofónico) e censura do Estado Novo foram alguns dos trabalhados no livro. E ainda personalidades da rádio, como Luís Filipe Costa, António Miguel, Fernando Curado Ribeiro, Etelvina Lopes de Almeida, Artur Agostinho, Maria Leonor Magro, Pedro Moutinho, Domingos Lança Moreira, Francisco Igrejas Caeiro, Carlos Silva, Aurélio Carlos Moreira, Jorge Gil, João David Nunes, José Fialho Gouveia e José Nuno Martins.

Se, no período de 1924 ao começo da II Guerra Mundial, a rádio era feita por amadores e curiosos, os senfilistas vindos da telegrafia e da fonia, as estruturas saídas após o conflito mundial eram já profissionais. Alargamento de horários e apoio publicitário fizeram desses anos o período de ouro da rádio. Mesmo com o arranque da RTP em 1957, a rádio aguentou o embate da televisão até ao final da década de 1960.

A rádio - e a sua história - é fascinante, pois é um meio sempre em alteração, inovação e reinvenção. O exemplo da FM do Rádio Clube Português, em 1963, com programação autónoma de ondas médias, fez nascer um grupo de produtores, realizadores e locutores de uma geração pouco ou nada identificada com a ordem cultural e, mesmo, política, mesmo que a estação estivesse comprometida com o regime. Aí nasceu o slogan "Sempre no Ar, Sempre Consigo".

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