domingo, 27 de abril de 2014

A imagem que falta, de Rithy Panh

Entre 1975 e 1979, o Cambodja viveu um regime de terror. Pol Pot e os seus Khmers vermelhos quiseram aplicar um sistema social assente na actividade rural, procurando "reeducar" toda a população da capital Phnom Penh. Panh, então com 13 anos, foi levado para um campo de trabalho com a sua família. Ele assistiria à morte dos pais e dos irmãos, vitimados pela fome e pela doença. Fugido para a Tailândia, acabou por chegar a França e, em Paris, fez formação universitária em cinema. Na década de 1990, Rithy Panh voltou ao seu país e fundou o Centro de Recursos Audiovisuais Bophana, com o objectivo de preservar o património audiovisual do Cambodja.

A imagem que falta (2013) é a reconstituição da sua vida enquanto jovem adolescente. Ele junta imagens de arquivo do próprio regime torcionário de Pot com figuras de barro (criadas por Sarith Mang), que representam os cambojanos na sua vida comum nos campos de trabalho, e narração em francês (por Randal Douc). Então, não era possível pensar ou falar, apenas agir de acordo com o imposto. Quem fugisse ao estabelecido era condenado e desaparecia, caso de uma mãe que retirou umas mangas para dar de comer à família e foi denunciada pelo filho pequeno.

O filme-documentário apresenta uma realidade violenta. A doçura e poesia das figuras de barro e dos seus movimentos e a musicalidade que acompanha algumas histórias, sem fazer esquecer a miséria e o terror, salientam mais a diferença entre liberdade e repressão.

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