segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Como se fazia um disco em 1965

"Possuir uma discoteca é desejo de muitos", lia-se na revista Flama, de 4 de Junho de 1965. Ir a uma loja, ouvir e comprar um disco começava a ser uma rotina. Nessa altura, a revista publicitava carreiras e discos dos Beatles, de Rita Pavone e do Conjunto Académico João Paulo e escrevia sobre o ié-ié.

Daí o interesse em explicar como se fazia um disco. A revista não diz qual a empresa discográfica mas ela podia ser a Valentim de Carvalho, a Rádio Triunfo ou a Arnaldo Trindade. As multinacionais começavam também a instalar fábricas de produção de discos, como a Philips. Após a gravação das canções do artista em fita magnética, desta retiravam-se os sons para um disco de acetato. Depois, numa operação de galvanoplastia, com uma camada metálica, nascia o disco pai ou matriz. A seguir, ao disco abria-se um furo ao centro e aparava-se e polia-se a superfície. Cada matriz tinha, em média, capacidade para fornecer a cópia e prensar um milhar de provas (os discos). Água a 160 º, água fria e massa de resina com cloreto de vinil eram elementos da confecção do disco, a que se juntavam as etiquetas (nome do artista, título da canção - se fosse um disco de 45 rotações por minuto). No processo, cada disco demorava cerca de 15 segundos a ser produzido. A etapa seguinte da cadeia de valor desta indústria cultural era a colocação do disco na loja e a promoção nos programas de rádio.

O texto usa duas vezes a palavra electrónico, mas todo o processo me parece apenas mecânico e químico, ainda bem distante da produção electrónica como hoje concebemos. Na produção de um exemplar quantos empregados e competências eram usadas? E como se ouvia o disco?




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