sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Morte de Rui Valentim de Carvalho

Esta semana, morreu Rui Valentim de Carvalho, editor de Amália Rodrigues - entre 1952 e 1999 - e administrador da Valentim de Carvalho durante mais de 50 anos. Admirador da sua música, ele foi o editor de Amália Rodrigues de 1952 até ao ano de falecimento da fadista. Quando se torna seu editor, ele tinha 21 anos e ela 32 anos. Da notícia de onde extraio a informação (http://www.ionline.pt/artigos/mais/rui-valentim-carvalho-editor-exemplar/pag/-1), David Ferreira, sobrinho de Rui Valentim de Carvalho, contaria: "Tinham uma relação próxima, ele ia para o estúdio, não ficava fechado no gabinete. Naquelas famosas sessões em que ela levava arroz de pimentos e pastéis de bacalhau, ele estava lá. Também assiste a espectáculos pelo mundo fora e defende-a quando o fado de Amália choca muitos. Estava sempre do lado dela". Depois de 1974, quando as estéticas musicais eram outras, um momento difícil para Amália, conotada com o antigo regime, ele foi muito amigo dela, acontecendo o mesmo quando esteve doente. Ele criaria os estúdios Valentim de Carvalho, na década de 1960. Após a primeira gravação de Amália para a Editora Valentim de Carvalho, nos estúdios de Abbey Road (Londres), ele teve a vontade de fazer um estúdio semelhante no nosso país. Nos estúdios de Paço d’Arcos gravaram nomes como Júlio Iglésias, Cliff Richard, Shadows, Vinícius de Moraes e Rolling Stones. Além de Amália Rodrigues, ele trabalhou com outros grandes nomes do fado e da música como Carlos Paredes, Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Carlos Ramos, Lucília do Carmo, Max, Maria Teresa de Noronha e Fernando Farinha, mas também com Quarteto 1111, Sheiks e Duo Ouro Negro, Rui Veloso, GNR e António Variações. Da mesma notícia que li (http://www.ionline.pt/artigos/mais/rui-valentim-carvalho-editor-exemplar/pag/-1), o musicólogo e especialista em fado Rui Vieira Nery apontaria que ele era um “editor exemplar [e] pessoa muito afectuosa, muito requintada e culta”. E acrescentaria: “No universo da indústria discográfica, há normalmente uma obsessão com o lucro. No Tim, como era conhecido, sempre vi o fascínio pela música, a paixão pela arte, a vontade de fazer coisas que ficassem como legados artísticos importantes”. Aos treze anos, ele vai trabalhar para a empresa fundada pelo tio em 1914. Nesse momento, ainda estudava no ensino técnico. A Valentim de Carvalho começou por vender gramofones e instrumentos musicais. Depois, tornou-se a primeira editora discográfica portuguesa.