domingo, 6 de janeiro de 2013

Jeff Buckley

Jeff Buckley lançou em 1994 o álbum Grace ("There's the moon asking to stay / Long enough for the clouds to fly me away / Well it's my time coming, I'm not afraid to die / My fading voice sings of love, / But she cries to the clicking of time", da letra de Grace, dele e de G. Lucas). Ouvida a versão tocada no concerto em Paris, no Olympia, no ano seguinte, ela soa a um enorme grito - de liberdade, de imensidão, de amor. Não deixo muito tempo sem a voltar a ouvir mais o seu lancinante Hallelujah (Leonard Cohen), a versão mais poderosa que conheço desta canção.

Além destas e de outras músicas, ele cantou Je n'en connais pas le fin ("I used to know a little square / So long ago, when I was small /All summer long it had a fair /Wonderful fair with swings and / All I used to love my little fair /And at the close of every day / I could be found, dancing around / A merry-go that used to play / Ah, mon amour / À toi toujours /Dans tes grands yeux / Rien que nous deux"). O Olympia era uma sala de referência para Beckley: ali tinham cantado ou tocado Edith Piaf e os Velvet Underground, que ele adorava acima de tudo. Por outro lado, ele não compreendia o enorme sucesso que tinha entre os franceses. Talvez o respeitassem pela poesia e pelo lirismo das suas canções. Estava a habituar-se a pequenos concertos dados pela América onde se misturavam o entusiasmo e a crítica. Mas os dias 6 e 7 de Julho de 1995 na cidade francesa representariam pontos altos da sua carreira.

Antes, passara pela mesma Paris, em Fevereiro de 1995, no Bataclan, e participaria, após o Olympia, no Festival de Música Sacra em Saint-Florent-le-Viel. Cantaria depois do músico do Azarbeijão Alim Qazimov, cuja voz e tambor assustaram Beckley a ponto de querer anular a sua participação. Acabaram os dois por cantar What Will you Say ("Mother dear, the world's gone cold / No one cares about love anymore / What will you say / When you're seen my face 7 Father do you owe me / Do you know me / Do you even care / What will you say /When you're seen my face").

Quando voltou aos Estados Unidos, Jeff Beckley já tinha vendido meio milhão de discos, mas apenas um terço no seu país. Após uma vida de errância, procurava a estabilidade. Ele acabou por morrer afogado no rio Wolf, um afluente do rio Mississipi, em Memphis, em 1997, quando tinha apenas 30 anos e estava a preparar o seu segundo disco, seguindo uma maldição de família: o seu pai Tim também morrera muito jovem.

 Agora, diz uma notícia, a vida do cantor vai ser ponto de partida para três filmes este ano, um deles baseado na biografia oficial (Mistery White Boy), de Jake Scott, com produção executiva da sua mãe, Mary Guibert.

Ver mais informação sobre o cantor em http://www.jeffbuckley.com/.

[texto a partir do livro que acompanha o disco Live a l'Olympia]