segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O MÁGICO - UMA ESPÉCIE DE RETORNO A TATI

O Mágico é um filme de animação dirigido por Sylvain Chomet, a partir de argumento de Jacques Tati, realizador francês falecido em 1982, e Henri Marquet. Narra a história de um ilusionista que vê a sua actividade em perigo (pouca assistência aos seus espectáculos, predomínio de outras formas de entretenimento, como o pop e o rock).

Deixa Paris, vai para Londres e anda de cidade em cidade à procura de trabalho, até chegar à Escócia. Aí, num local onde actua, uma rapariguinha (Alice) fica fascinada pela sua magia e não o deixa mais. Estabelece-se uma relação de pai com filha (aliás, Tati destinara o papel a sua filha Sophie Tatischeff), mais tarde abandonada quando a jovem se apaixona. O mágico devolve o coelho (que sai da cartola) à natureza e volta à grande cidade. Entretanto, cruza-se com outros artistas do espectáculo (ventríloquos, circenses), profissões igualmente em decadência, no pequeno hotel onde se instalara.

A animação tem uma grande qualidade de imagem. Muitas vezes, parece que estamos a ver aguarelas, cuja nitidez se esbate ou clarifica à vez. O mágico lembra-nos muito as cenas cómicas dos filmes de Tati, sempre carregadas de humanismo sobre a complexidade das situações modernas e onde o riso se torna reflexivo. A personagem tem um andar trapalhão e veste quase sempre uma gabardina, a lembrar o realizador. Sobre o filme, li que se trata de uma carta de amor mas também de drama familiar e perda de inocência.

O mágico do filme tem a voz de Jean-Caluda Donda e Alice a de Eilidh Rankin. Sylvain Chomet foi realizador de Belleville Rendez-vous. Ele possui com a mulher, Sally, um estúdio em Edinburgo, cidade onde parte central da história decorre.

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