quarta-feira, 30 de junho de 2010

IMPRENSA LOCAL E REGIONAL: UM RETRATO ACTUAL

Foi hoje apresentado o estudo A imprensa Local e Regional em Portugal, da ERC.

O estudo decompõe-se em diversas fases, com diferentes metodologias: trabalho de campo (entrevistas a responsáveis dos meios locais e regionais), inquérito e análises financeira e jurídica. No inquérito, responderam 411 de um universo de 689 publicações. 80% destas publicações foram fundadas desde a década de 1980, o que significa juventude, 45% das quais têm versão electrónica da edição em papel. Dos jornalistas, 44,4% possuem carteira profissional de jornalista, 80,3% desempenha uma só função na publicação. 52,1% das publicações respondentes conta com menos de cinco colaboradores e 18,5% tem de 5 a 8 colaboradores, enquanto 18,5% não tem qualquer jornalista ao seu serviço. A publicidade comercial é a principal fonte de rendimento das publicações, seguindo-se assinaturas, publicidade institucional e venda em banca. De modo interessante, 31,9% são sociedades limitadas por quotas e 16,1% são fábricas de Igreja, traçando dois perfis de imprensa local e regional. A primeira tem mais colaboradores, títulos em papel e em formato electrónico e pertencem a grupos de media; a segunda tem menos colaboradores, títulos e uma periodicidade de edição mais alargada (quinzenal, mensal).

Da leitura do CD-Rom, retiro os seguintes dados: "A informação domina mais de metade da área impressa de três quartos das publicações analisadas (75,5%); a opinião ocupa até 20% da área impressa em 75,0% do total de publicações em estudo; o entretenimento, preenche uma proporção inferior a 10% da superfície impressa em 58,4% das publicações, estando ausente em 37,0% dos títulos em análise" (p. 437).

Seguindo estudos da Marktest, o trabalho agora apresentado traça o seguinte perfil dos leitores das publicações locais e regionais: mais homens (55%) do que mulheres, faixas etárias dos 25 aos 44 anos (41,3%), classes média baixa e média média (62,5%), reformados, pensionistas e desempregados (21,7%) (pp. 231-234).

Quanto a conclusões apresentadas na sessão da manhã (aquela onde pude estar presente), saliento: desenvolvimento de estratégias multimedia, integração em grupos de comunicação social, existência de projectos exclusivamente na internet, inexistência do controlo de tiragens, acesso nem sempre possível às fontes de informação, escassez de publicidade comercial, critérios de transparência na distribuição da publicidade, porte pago.

A ficha técnica do estudo tem os seguintes nomes - supervisão: Azeredo Lopes e Estrela Serrano; coordenação: Carla Martins e Telmo Gonçalves (ambos da Unidade de Análise de Média da ERC); analistas: Catarina Páscoa, Eulália Pereira, Pedro Puga (todos da Unidade de Análise de Média da ERC); Rui Mouta, Departamento Juridico da ERC; Henrique Dias Gonçalves, Gabinete de Estatística da ERC; Carla Oliveira (analista de media, colaboração externa); análise económico-financeira: Paulo Faustino, investigador, Media XXI – Consulting Research/Universidade do Porto.

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