sexta-feira, 21 de maio de 2010

MÃE COREANA

Uma seara, onde a mãe procura energias para se refazer dos problemas familiares, e um jardim (campo de golfe), onde o filho e o colega atacam um grupo de golfistas, marcam dois territórios, opostos ao ambiente do bairro e da pequena cidade onde a história se desenrola na quase totalidade: uma loja de plantas e sementes e onde se exerce ilegalmente acupunctura, e a habitação onde mãe e filho vivem. Mother - Uma Força Única [마더, 2009] é um filme do coreano Bong Joon Ho, história de estilo poético a cobrir um forte drama. O filho, portador de atraso mental, não guardava memória do que fazia; quando muito, procurava exercitá-la massajando a cabeça. Foi acusado da morte de uma rapariga e preso. Na reconstituição do crime, vemos como a terá matado, mas o filme não nos revela tudo e deixa ficar a intriga e o suspense. Muito mais tarde, o rapaz reflecte sobre a posição da rapariga morta, com a cabeça tombada para a frente da varanda: quem a matou queria que ela estivesse visível para quem passava na rua e a pudesse socorrer. Os indícios levam-nos a outros culpados. Mas, quando o vendedor de ferro velho revela à mãe que o rapaz fora efectivamente o criminoso, ela não tem outra solução senão matá-lo. Incendeia a casa para apagar os vestígios. O rapaz, entretanto liberto e substituído por outro acusado, passa pelos destroços e descobre a caixa das agulhas de acupunctura da mãe e adverte-a - "vê lá por onde deixas a caixa" -, sem estabelecer qualquer nexo. A mãe, que insistira e falara com toda a gente possível para o libertar, procura o novo acusado. Pergunta-lhe se tem mãe: a resposta negativa fê-la chorar abundantemente. Uma mãe servia, afinal, para alguma coisa.

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