segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SANTA MARIA, AÇORES

Na ilha de Santa Maria vivem cinco mil e seiscentas pessoas. Chegou a haver o dobro da população. 40 anos atrás, vivia-se um clima de cosmopolitismo, pois a aviação comercial entre a Europa e a América parava na ilha para abastecimento (Santa Maria fica a meio caminho entre Paris e Boston, por exemplo). As tripulações e os viajantes dormiam ali e animavam as actividades. Com a evolução da aviação, deixou de ser necessário a paragem. Depois, com a transferência do principal aeroporto do arquipélago dos Açores para Ponta Delgada, e mesmo com o efémero êxito dos Concorde que ali aterravam, a ilha voltou a um grande isolamento.

Hoje, ouve-se a memória desses tempos: toda a gente recorda a época dos aviões. Os aviões não significavam poluição mas fonte de negócio, que houve e acabou. É uma nostalgia estranha - como quando os velhos falam da mocidade acabada ("no meu tempo", costuma ouvir-se). Por outro lado, isso significa solidariedade - as pessoas falam umas das outras, conhecem-se, cumprimentam-se, sabem como vai a saúde de cada um e preocupam-se.

A terra (o chão) é bonita. Vê-se logo a origem vulcânica quando se aprecia a cor da areia da praia. As casas bordejam as estradas, o tráfego é fluído, o peixe que se come nos restaurantes tem nomes que nunca ouvira: veja, bicudo da Índia, lírio. Mas também bodião (que preparara e comera em Lisboa).

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