quarta-feira, 11 de junho de 2008

MCLUHAN EM PORTUGUÊS


Com chancela da editora Relógio d'Água, saiu agora a edição portuguesa do livro de Marshall McLuhan Compreender os Meios de Comunicação - Extensões do Homem, tradução do original Understanding Media, de 1964 (recorde-se que, no Brasil, já existe uma tradução desde 1979, de que reproduzo a capa aqui ao lado).

Trata-se de uma edição importante, e que eu saudo a generosidade do editor nacional, pois as obras de McLuhan, apesar de muito se falar e escrever sobre ele, não são muito lidas em Portugal.

Neste livro, McLuhan, o profeta da internet (como o redescobriu a revista Wired) fala do vestuário, das rodas do automóvel e do computador como extensões do homem. Mas também põe em comparação os mundos da imprensa (domínios do visual, mecânico, sequência, centro, contínuo e do homem tipográfico) e da electrónica (domínios do táctil, orgânico, simultâneo, improviso, margem, descontínuo).


Understanding Media seria o livro que transformou um anónimo professor de literatura inglesa num dos mais famosos cientistas sociais da sua época, mesmo uma celebridade da televisão (talk shows) e dos media em geral (e congressos e comunicações públicas). Com ele, termos como media, aldeia global e idade da informação tornar-se-iam comuns. O canadiano partia de duas revoluções tecnológicas que se sobrepunham à ordem política e estética instituídas: a invenção da imprensa em meados do século XV, que levaria os indivíduos a pensarem de modo linear seguindo a disposição das linhas tipográficas, e as aplicações da electricidade desde finais do século XIX (telégrafo, telefone, televisão, computador), em que os indivíduos adquiririam novos modelos de percepção de modo a se adaptarem aos protocolos do ciberespaço (a partir de Lewis H. Lapham, introdutor de uma das edições inglesas do livro). Então, McLuhan tinha 52 anos.

Uma das ideias fulcrais de Understanding Media é a distinção entre meios frios e meios quentes: a televisão é um meio frio, levando o espectador a fazer muito esforço para compreender a imagem que se lhe depara; o cinema é um meio quente, pois a imagem aparece nítida. A caricatura é um meio frio, a fotografia um meio quente. Outro capítulo essencial da obra tem por título O meio é a mensagem, uma das frases que fizeram a fortuna de McLuhan, para quem o conteúdo é menos importante do que o meio que o transmite.

2 comentários:

Anónimo disse...

"O meio é a mensagem, outra das frases que fizeram a fortuna de McLuhan, para quem o conteúdo é menos importante que o meio que o transmite."

Estamos de acordo, Professor, quando fecha a janelinha, é o meio que é importante( claro, esta na sua mao), mas vamos la a mensagem também...
O que é interessante é o poder dos meios de significarem, e a sua resposta, utilizando o meio, igualmente.

Bom dia, sempre a lê-lo, até parece que nao ha mais boguess na bloosfera. O homem é um animal de habitos!
mariadagraça

Anónimo disse...

... Somos espectadores e ouvintes, mais do que gente viva...

"Este tempo", Cronicas, Maria Judite de Carvalho, p.24, Caminho, 1991

mariadagraça