quinta-feira, 22 de novembro de 2007

AS REDES SOCIAIS SEGUNDO JOSÉ MANUEL FERNANDES

  • Um dos textos que hoje editamos no P2 a propósito da rede social on-line que incentivava jovens a automutilarem-se é significativamente intitulado: «Filtros ajudam a proteger, mas não substituem os pais».
Assim começa o editorial de José Manuel Fernandes, director do Público, na edição de hoje. O editorial segue dois exemplos, o primeiro baseado no artigo de Ana Gerschenfeld (pp. 4-5 do caderno P2) que parte de notícia publicada esta semana, onde se dá conta de adolescentes de Vale de Cambra automutilarem-se e pensarem em suicído a partir de uma página na internet.

Trata-se de um problema que todos devem estar atentos. Como se controlam os fluxos de informação e entretenimento da internet? O mesmo se coloca quanto à televisão, conquanto o número de canais disponíveis no televisor seja incomensuravelmente menor que o acesso livre à internet.

Mas o primeiro parágrafo do director do jornal está mal formulado. A rede social online em si não incentiva a automutilação, mas apenas um link ou um grupo de discussão dentro da rede social. O que é muito distinto. Nos primeiros anos (2004-2005), pertenci à rede associada com esta notícia, o Orkut, nome retirado do seu fundador, Orkut Buyukkokten, turco de 32 anos, engenheiro de software da Google, e não me apercebi de conteúdos violentos. Uma das características de adesão ao sistema é que cada pessoa pode convidar uma outra qualquer pessoa. Uma rede social é aberta e, como o nome indica, é um local virtual onde se estabelecem ligações entre pares, com textos e, em especial, fotografias dos próprios. O proprietário de uma rede deve controlar os conteúdos mas precisa de tempo para detectar desvios (exemplo mais preciso: no YouTube os vídeos devem respeitar os direitos de autor, mas muitos são piratas, o que obriga a um varrimento regular para detectar as infracções). Posteriormente ao Orkut arrancaram outras redes sociais, como o Hi-5, muito popular em Portugal, e, nos meses mais recentes, o Facebook.

Reconheço, contudo, que há precedentes no Orkut (ligado ao Google). A 26 de Maio de 2006, escrevi
aqui:

  • GOOGLE DO BRASIL SUSPENDE PÁGINAS DO ORKUT. Ontem, a Google informou ir eliminar várias páginas da popular rede Orkut no Brasil, após as autoridades deste país descobrirem que algumas das páginas promovem a violência, terrorismo e pornografia infantil. Isto além de se suspeitar que um outro sítio foi criado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), o grupo criminoso responsável pela recente violência em S. Paulo. O Orkut tem 16 milhões de usuários, 72% dos quais são brasileiros. Fonte: Reuters.

1 comentário:

Luís Bonifácio disse...

No fundo não acha que a Sociedade ao tentar culpabilizar o "meio" porque é incapaz de eliminar a "Causa", não está a tentar tapar o sol com uma peneira, tentando desculpabilizar os jovens e paralelamente os pais, bem como a própria sociedade?

No fundo a mesma coisa acontece com os massacres em Escolas Norte-Americanas e Finlandesas, não vi ninguém tentar chegar à causa do problema, todos apontam os dedos às armas, como se estas fossem HAL 9000, que controlam o pensamento e as acções daqueles que as empunham.

Mais cedo ou mais tarde vai haver um massacre numa escola Portuguesa, mesmo com a legislação restritiva de uso e porte de arma que temos.

Pois como o Professor bem sabe, se na minha casa e na sua não existem armas é pura e simplemente porque não as queremos possuir. Se quisermos ter armas proibidas é só comprá-las, como bem sabemos.