segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

CLINT EASTWOOD


Confesso que gostava mais do filme (duplo) de Clint Eastwood do que o de Martin Scorsese, mas foi este que ganhou os óscares da última madrugada (também Scorsese perdeu para Eastwood em 2005).


Fica a notável entrevista concedida por Eastwood a Philip French, no Observer de ontem (pág. 6 a 8 do segundo caderno). Quando French lhe pergunta o porquê do nome "Pais" no título do filme, Eastwood lembra a sua meninice (e juventude), altura em que se interrogava como seriam os militares saídos da Segunda Guerra Mundial. O pai dele não fora militar, mas muitos americanos tinham participado nela. Os Estados Unidos, poucos anos antes saídos da Grande Depressão (1929), sentiam-se fortes e a sua participação na guerra juntaria jovens valentes oriundos de cidades e campos.

Sobre Cartas de Iwo Jima, Eastwood conta que reuniu com o governador de Tóquio, que tem a jurisdição da ilha, o qual deu assentimento para as filmagens. Foi nessa altura que o realizador pensou: como defenderiam os japoneses aquela ilha? Como seriam os jovens para ali destacados (e mortos)? Eastwood começaria a ler dados sobre o general Kuribayashi (o comandante de Iwo Jima) e o Barão Nishi (comandante dos tanques). Eram pessoas que tinham vivido nos Estados Unidos e que tinham ali deixado amigos. Com algumas alterações políticas, talvez tivessem mantido as amizades. A queda do Japão marcaria o fim de uma era, o fim de uma mentalidade, e que é exemplo o harakiri de vários soldados nipónicos aquando da percepção da derrota.

Clint Eastwood nasceu em Maio de 1930, filho de um operário da indústria petrolífera que demandou a Califórnia durante a Grande Depressão. Eastwood teve várias profissões e a sua passagem na universidade foi atravessada pelo serviço militar. A sorte estaria do seu lado quando entra na série televisiva Rawhide, um western. A sorte voltou a sorrir-lhe quando trabalhou com Sérgio Leone, o realizador italiano que procurava um actor barato para os seus filmes. Estava-se em 1964 quando Eastwood entrou no primeiro "spaghetti western", Por um punhado de dólares. Aos 76 anos, Eastwood atinge um novo pico, com Flags of our Fathers e Letters from Iwo Joma.

Do mesmo modo que usou linguagem gestual com Leone, que não falava inglês, Eastwood serviu-se de tradutores para conduzir o filme Cartas de Iwo Jima. Ainda por cima, um dialecto falado há mais de 60 anos: na canção em que cantam crianças (no final do assalto americano e quando os nipónicos se apercebem que a derrota estava eminente), aquelas crianças estavam a aprender o dialecto. Até aí, só havia a canção que fora emitida pela rádio mas nunca gravada.

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