sábado, 27 de janeiro de 2007

QUEM OUVE A RDP?

No programa desta semana Em nome do ouvinte, José Nuno Martins ouviu o director da RDP, Rui Pêgo, a propósito do balanço da rádio pública em 2006.

Sobre a Antena 1, considerou-se que, apesar da geração mais velha ser a mais fiel, o canal de rádio quer-se reposicionar para abranger um segmento mais juvenil, entre os 35 e 55 anos. O provedor e o director de antena estiveram bem nas questões e nas respostas. Igual reposicionamento está a procurar uma estação comercial, a Renascença, o que significa uma guerra de audiências entre as duas estações.

Sobre a Antena 2, houve muita informação. Primeiro, a mudança de imagem que se tem operado nos últimos tempos, com novos programas de autor e estabilização de segmentos, abandonando o estilo tradicional e implantando um discurso aligeirado e com improvisação. Isso significa uma alteração de profissionais, com a entrada de novos e de maior formação académica.

O provedor colocou questões pertinentes, escudado em emails de ouvintes: críticas ao tempo (muito) dedicado ao jazz, ao trabalho de Rafael Correia (Lugar ao Sul). Mais objectivo me pareceu a crítica a programas monográficos como Raízes, de música do mundo ou étnica, em que se passa um disco inteiro e se lê o que vem na capa do disco. O director defende a abertura às correntes contemporâneas, mas o seu discurso posterior aponta para a queda do programa Raízes (à hora de almoço). Estou de acordo com a necessidade de reformulação do programa de música do mundo, pois também me parece um modelo de difícil manutenção.

Por essa altura do programa do provedor, ouvi uma expressão surpreendente de Rui Pêgo: "Não estou contente, se não demitia-me". Não percebi o alcance da expressão, dada a possibilidade de uma leitura dupla e contraditória.

Sobre uma crítica à falta de programas de debate, Rui Pêgo lembrou os que já existem - e realçou a sua qualidade -, casos de Ana Sousa Dias, João de Almeida e Luís Caetano (Um certo olhar). Sobre este último, acho-o de uma grande inteligência, acuidade e actualidade, o que implica uma longevidade do formato e do seu realizador.

O director de programas deu uma notícia que me deixou muito contente: para o Verão, volta o teatro radiofónico. Pena que o seu realizador, Eduardo Street, já não o possa acompanhar. Pelo menos, fica a justa homenagem.

Na próxima sexta-feira, continuará o balanço de 2006 na rádio pública. E, conquanto o centro da conversa entre José Nuno Martins e Rui Pêgo seja a Antena 3, haverá igualmente destaque para a Antena 2, a propósito do programa Rittornello, de Jorge Rodrigues, envolvido em polémica nos últimos tempos.

Confesso que gostei de ouvir o director de programas e percebi melhor a importância do papel do provedor, pois há alguém que coloque, com serenidade, objectividade e conhecimento, perguntas que o ouvinte gosta de saber. Fico a aguardar a sua análise sobre o caso do programa Rittornello, dadas as altas expectativas que tenho.

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