terça-feira, 16 de janeiro de 2007

A ESCALADA DE VIOLÊNCIA DOS PROVEDORES

Eu tinha um pressentimento e ele concretizou-se. O provedor do Público, Rui Araújo, está a marcar a "agenda" do trabalho dos provedores. Hoje, na sua coluna do Diário de Notícias, José Carlos Abrantes, ocupa mais de metade do espaço a reproduzir a carta de um leitor. Acabada a citação, é nítida a influência recebida das últimas páginas de Rui Araújo: "A argumentação do editor é pouco convincente".

O provedor do Público "inventou" um sistema perigoso, a tocar a estrutura do julgamento popular. Claro que tem razão no que vem escrevendo, mas, ao publicar as trocas de email com a jornalista acusada de plágio, acho que deu passos além do razoável (coluna de anteontem). A jornalista ao responder "E porque raio haviam de estar colocadas entre aspas, pergunto eu" corria o risco de ser citada no jornal. Mas, da parte do provedor, poderia ter havido alguma reserva de resguardo da privacidade daquela. Assim, esta fica numa posição ainda menos defensável que a da semana passada.

Não há qualquer delicadeza da parte do provedor, mesmo quando escreve: "a honestidade e a humildade só nos enobrecem". E a escalada no tom de apreciação do trabalho jornalístico pode ter repercussões negativas no próprio trabalho jornalístico. Estou a pensar no modo filosófico de anteriores provedores; se Mário Mesquita ou Estrela Serrano sairam eventualmente "distanciados" de alguns elementos da redacção do jornal do qual eram provedores, fizeram sempre análises discretas sobre o modo como se relacionaram com os jornalistas, mas com um sucesso superior junto dos leitores. É a minha leitura. O modo agora usado é mais brutal.

5 comentários:

Anónimo disse...

A mim, simples leitora, parece-me que o modo agora usado é mais claro e transparente, abonando portanto a favor da qualidade do jornal, logo da sua credibilidade.
Como bem evidencia a resposta da jornalista em causa, se não houver um controle de qualidade fazem o que querem, o que interessa é encher a página e o resto tanto faz. Em boa verdade, a jornalsta também não foi "meiga" nem cuidadosa na resposta. (já para não falar na pequena "burla" que cometeu ao apresentar como suas palavras que não o era.)

Os jornalistas verdadeiros deveriam estar agradecidos por mais esta garantia de controle bacteriológico da sua activiadde que só a enobrece.

Rita Silva

Anónimo disse...

NOTA DO PROVEDOR DO PÚBLICO

Caro Rogério Santos,
Permita-me contestar esta sua afirmação:
"(...) ao publicar as trocas de email com a jornalista acusada de plágio, acho que deu passos além do razoável (coluna de anteontem)."

FACTOS

1- A troca de e-mails foi divulgada, inicialmente, pela jornalista (11/01/2007) e não pelo Provedor do Leitor do PÚBLICO.
Clara Barata transmitiu essa correspondência à Direcção do PÚBLICO, Conselho de Redacção e Provedor.
2- A Direcção do jornal - pouco depois - divulgou esse mesmo documento da jornalista no site do jornal - http://blogs.publico.pt/provedor/
- antes de o provedor publicar a sua crónica (14/01/2007)
3- O provedor só publicou a sua crónica no dia 14...

Acho que lhe devia esta explicação.
Melhores cumprimentos,
Rui Araújo
Provedor do Leitor do PÚBLICO

Anónimo disse...

Acho que é importante esclarecer que foi a Direcção do PÚBLICO quem primeiro decidiu divulgar as cartas (e-mails) trocadas entre ambas as partes.

Ver o comentário do provedor sobre isto:
http://provedorpublico.blogspot.com/2007/01/uma-forma-de-plgio-eplogo.html#6975652169740624283

Anónimo disse...

A polémica sobre o plágio não podia ser mais oportuna. Só peca por tardia. Mas levanta várias questões: os provedores só reparam nos plágios quando são alertados por leitores? Não lêem os jornais que "fiscalizam"? Não têm autonomia própria para questionar os jornalistas? Se ninguém se queixar, os respectivos jornais podem ser exclusivamente feitos com plágios? Se alargarmos a malha e formos parar às fontes nem dez provedores por cada jornal, mesmo nos de "referência", davam conta do recado! Tenham coragem e vão até ao fim. Mais vale tarde do que nunca.

Anónimo disse...

Na minha opinião, "brutal" é o copy&paste sistemático, impune, promovido a método de trabalho e a esperteza (saloia, claro) à prova de bala; "brutal", no caso em apreço, foi também a reacção da jornalista em causa, que insultou o Provedor de tudo e mais alguma coisa, de incompetente para cima. Não vislumbro qualquer espécie de violência quando alguém procura fazer apenas o seu trabalho; violência, isso sim, é fingir que o trabalho alheio é nosso. Violência é, portanto, uma palavra adequada para definir o plágio, não a sua erradicação.