quarta-feira, 31 de agosto de 2005

PARSONS E A SOCIEDADE

Na sua teoria, Parsons (1949: 768; 1969: 19) define a sociedade como um sistema em que os vários elementos (instituições, grupos) desempenham uma dada acção. Pelo estabelecimento de contactos pessoais frequentes, partilha de valores comuns e de sentimentos de pertença, coesão e reforço dos seus elementos através de códigos de conduta, representamo-los como grupos primários. A sociedade não constitui, contudo, uma entidade homogénea. Ela divide-se em múltiplos grupos com interesses específicos, de ordem política, social, económica e cultural, que se influenciam num processo contínuo, aqui designados por grupos secundários. Para Elias (1999), o rumo dado à relação de indivíduos, grupos e instituições não se planeia antecipadamente, mas resulta da sua ligação em cada momento de análise. É da articulação funcional dos grupos primários e secundários, e do seu alargamento a outros grupos, que resulta a vida social, numa dinâmica de troca e mudança.

A vida social e as ligações que se estabelecem nos indivíduos e grupos decorrem na dinâmica desenvolvida pela comunicação directa, em que os agentes se conhecem e entrecruzam numa negociação permanente de diálogos, argumentos e perspectivas culturais e filosóficas. Resultam também da comunicação mediada por suportes escritos ou electrónicos, quando a industrialização e a massificação transformaram o mundo, no sentido da percepção geral do reflexo dos acontecimentos internacionais na vida comum.

A escala do conhecimento alarga-se e ultrapassa a informação do local ou da região em que o indivíduo vive, trabalha e descansa. A informação proveniente de um ponto longínquo caminha a passo com a curiosidade em descobrir gentes e costumes diferentes, que o comércio e as viagens há muito faziam referência. Cada notícia informa, forma e determina opiniões e reacções sobre questões, problemas e decisões da vida colectiva. Os jornais, especialmente no século XIX, a rádio a partir de 1920, a televisão desde os anos 1940 e a internet na década de 1990, alargam o universo dos saberes e, ao mesmo tempo, estreitam a distância e o tempo na transmissão dos factos e da realidade social. Os media noticiosos passam a concorrer com a comunicação directa na construção da cultura moderna.

Leituras: Norbert Elias (1999). Introdução à sociologia. Lisboa: Edições 70
Talcott Parsons (1949). The structure of social action. Glencoe, Illinois: The Free Press
Talcott Parsons (1969). Sociedades – perspectivas evolutivas e comparativas. S. Paulo: Livraria Pioneira Editora

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