sexta-feira, 22 de abril de 2005

COISAS QUE FASCINAM

Espero que me desculpe o blogueiro João Paulo Meneses, do Blogouve-se, por lhe roubar o título. Mas apetece-me escrever desse modo ao comparar as edições de hoje do Diário de Notícias e do Público, apenas na secção dos media.

Enquanto o Diário de Notícias dedica cinco páginas a "Media & Televisão", o Público dá apenas página e meia à secção "Media". O primeiro jornal tem notícias frescas e desenvolvidas: a tese de Jacinto Godinho, o livro de Gustavo Cardoso e colegas (duas páginas escritas por Miguel Gaspar) [eu já fiz aqui alusão ao lançamento da obra, mas não posso competir em termos de notoriedade para receber um livro adiantado e comentar no blogue, apesar de alguns pontos serem relativamente conhecidos a quem assistiu à brilhante defesa da tese de doutoramento de Gustavo Cardoso]. E a página 53 merece análise de uma aula toda: 1) a peça de Miguel Gaspar sobre a repetição da mesma informação (texto e imagem) na televisão, noticiário após noticiário (como Dinis Alves defendeu a semana passada na Universidade de Coimbra, ao definir o mimetismo nas notícias); 2) a rubrica "Audiências", assinada por Nuno Azinheira. Ao invés, o Público, sobre a tese de Jacinto Godinho, dá-lhe uma breve (que é uma curta biografia do jornalista), refere o conflito da RTP, fala da renovação da imagem do Semanário Económico e tem mais quatro notícias de menor relevo (pelo menos para mim).

A razão do título do post - coisas que fascinam - é notar como o Público está a perder, quanto a mim, a competição com o Diário de Notícias. Não sei se ainda sairá alguma coisa mais desenvolvida sobre a tese de Jacinto Godinho - que merece (vi o jornalista Adelino Gomes, daquele diário, a acompanhar a defesa da tese com muita atenção). E o Diário de Notícias mantém um elemento imprescindível, o cargo de provedor de leitor (apesar de ter aqui já discordado dele, acho que José Carlos Abrantes está a desempenhar bem o seu papel). Se o Público tivesse provedor já havia escrito a chamar a atenção para o desempenho das múltiplas tarefas do director. Todos os dias, escreve um longo editorial sobre coisas distintas - o que o obriga a um saber enciclopédico -, mais os comentários nos canais públicos de rádio e televisão. Sei que é um dos jornalistas mais brilhantes da sua geração, mas talvez não lhe sobre tempo para ver como vai a secção dos media no seu jornal. Ou: onde está o editor da secção? É que, além de tudo, o tempo da Elizabete Vilar - e o da estagiária Cátia Candeias - já passou, para pena dos leitores do Público.

1 comentário:

JPC disse...

Subscrevo. O Público, [meu, pelo menos] jornal de referência, peca por uma rubrica de Media demasiadamente parca. De tal forma que já me mudei para o DN (online, pois claro, ainda mais agora), para ler sobre a temática. Temos pena, apetece dizer...