sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

A ROMA DE ANTÓNIO MEGA FERREIRA

Foi a partir de 1984, quando Mega Ferreira assumiu o cargo de chefe de redacção do Jornal de Letras, que conheci Yukio Mishima (O marinheiro que perdeu as graças do mar, O templo dourado, Confissões de uma máscara, O tumulto das ondas). Dele próprio li alguns textos, embora de forma não sistemática. Mais tarde, Mega Ferreira seria considerado um dos pais da Expo 98.

Agora, descobri um livrinho intitulado Roma. Exercícios de reconhecimento, editado pela Assírio & Alvim em finais do ano passado. E o que nos mostra o livro dele? Um "pequeno roteiro pessoal, ao mesmo tempo que se salda uma dívida com Piranesi, cujas vedute anteciparam, na minha imaginação, a experiência sensível de conhecer Roma, uma aventura que começou em 1978 e que é ciclicamente reencenada".

Claro que se encontram lá referências a Piranesi, como a Trajano, ao Coliseu ou às piazzas. Mas quero centrar-me no cinema, em Fellini, ou melhor em La dolce vita, com Marcello Mastroianni e Anita Ekberg [imagem retirada do sítio Anita Ekberg. Photos]. Pergunta Mega Ferreira: "O que é que fez de La dolce vita um ícone do cinema italiano dos anos sessenta, quando as ondas de choque neo-realista já se tinham começado a dissipar? Em primeiro lugar, o facto de o filme de Fellini ser uma espécie de repositório de clichés dos anos cinquenta". Era já o mundo da mecanização acelerada, ao lado da recepção deslumbrada do cinema americano e do esteticismo da pop arte que estava a rebentar. Filme nocturno, escreve Mega Ferreira, La dolce vita decorria à volta da Via Vittorio Veneto, ponto de encontro do beautiful people e dos paparazzi, e Anita Ekberg (sueca nascida em Setembro de 1931) era uma Marilyn Monroe transformada em bloco de gelo ao lado do vulcão Marcello.

Sugestões de visitas e compras (livrarias, perfumarias, restaurantes) fazem ainda parte deste roteiro.

Preço: €12. 187 páginas

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