segunda-feira, 21 de junho de 2004

AUDIÊNCIAS NO CINEMA

Segundo o ICAM, na semana de 3 a 9 de Junho, os filmes mais vistos em Portugal foram O dia depois de amanhã, de Roland Emmerich (58 ecrãs e 77581 espectadores), Tróia, de Wolfgang Peterson (45 ecrãs e 31857 espectadores) e Tirar vidas, de D. J. Caruso (26 ecrãs e 22656 espectadores). O primeiro destes filmes foi distribuido pela CMLC, ao passo que os dois seguintes pertencem à Columbia Tristar Warner.

O filme português O milagre segundo Salomé, de Mário Barroso, ficou em 12º lugar, com 1611 espectadores, enquanto o filme coreano de Ki-Duk-Kim, Primavera, Verão, Outono, Inverno... Primavera - que eu gostei muito - se ficou no 16ª lugar, com 938 espectadores e uma só sala (Quarteto).

De Janeiro a Maio, o filme mais visto foi A paixão de Cristo, de Mel Gibson, com 522440 epectadores. No mesmo período do ano, passaram pelos cinemas portugueses 5,8 milhões de espectadores, causando uma receita bruta de € 24.306.773.

DOS PROVEDORES DE LEITORES DOS JORNAIS DE LISBOA

Ontem, Joaquim Furtado, no Público, e hoje, José Carlos Abrantes, no Diário de Notícias, merecem um breve comentário. Julgo que ambos começam a lidar com temas interessantes, após um período de cortesia para com as redacções dos jornais.

O tema da página de ontem de Joaquim Furtado foi o da capa de 11 de Junho, onde a fotografia de Ray Charles ocupava um espaço nobre. Charles morrera na véspera, à noite. Num espaço mais reduzido, surgia a foto de Lino de Carvalho, deputado comunista também falecido na véspera. Os leitores entenderam que a foto de Carvalho era reduzida comparada com a de Charles (e com a de Sousa Franco, em edição anterior). Parece-me difícil gerir respostas com leitores baseadas em medir dimensões de fotografias. Confesso que eu ficara estupefacto com o modo como a fotografia do cantor da soul aparecia indicado - apenas o nome e os anos de nascimento e de morte. O que significava um grande conhecimento cultural dos leitores. A resposta do director-adjunto não terá sido a mais feliz, pois quis agradar aos leitores que escreveram a reclamar. Não é melhor assumir que se fez assim, porque se entendia ser a maneira mais eficaz - e porque lá estavam as duas informações? Houve jornais que, nesse dia, não publicaram uma ou outra dessas informações.

Já o tema escolhido por Abrantes tem mais disputa. Dado o dispositivo que ele montou: carta da leitora, resposta da jornalista, comentário do provedor. Estão lá todas as peças, método útil para quem é do Direito, como o provedor do DN (excepto a peça de 14 de Junho isso não seria viável; não se repetem notícias). O título escolhido (presumo que pelo próprio provedor) é uma armadilha: "Jornalista-candidata questiona jornalista". Será que a primeira é candidata política ou candidata a jornalista? A dicotomia significa que a crítica apenas é possível quando a jornalista deixa de ser aquilo que faz: jornalismo. Aparentemente, e segundo a interpretação do provedor, a jornalista - apesar de imparcial no que escreveu [minha leitura do texto de Abrantes] - foi insensível às críticas da leitora. Mas a leitora terá omitido coisas que, a meu ver, são positivas no texto da jornalista. Se ela usa a metáfora "sair da toca" também usa "de grão a grão..." - de igual peso em termos de expressões populares e que quer significar um lento mas seguro crescimento do partido a que a notícia se refere. O "sair da toca" parece-me mais aplicado à espera dos jornalistas e repórteres (estoica, como se lê no texto) do que a uma referência pejorativa ou crítica ao dirigente eleito. O texto fala em felicidade nos dirigentes do partido e até destaca ser este o maior êxito do mesmo partido, desde sempre.

Será que os provedores (também) são parciais? E (mais) permeáveis aos leitores?

MINISTÉRIO DA CULTURA DO BRASIL LANÇA SOFTWARE LIVRE

Segundo o sítio Cultura e Mercado, o Ministério brasileiro da Cultura espera lançar em Julho um "edital para programa de promoção, desenvolvimento e disseminação de softwares livres de edição de áudio e vídeo". De acordo com a notícia escrita por Sérgio Crespo, uma equipa multidisciplinar, reunindo jovens artistas, hackers e estudantes, coordenará a implantação de 100 "pontos de cultura" (ainda sem nome oficial) espalhados pelo Brasil, onde os programas gratuitos ficarão disponíveis para o público.

É ainda cedo para uma avaliação específica do projeto, mas a ideia "de se desprender do monopólio de softwares privados, se levada a cabo com sucesso, deve trazer benefícios claros para o produtor independente e, possivelmente, modificações estruturais no mercado cultural". E, para Portugal, haverá uma semelhante linha de trabalho?

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