domingo, 16 de maio de 2004

A MINHA LEITURA DO EL PAIS DE HOJE

Extraio informação de duas notícias ou artigos:

Paul Kennedy e a degeneração da guerra

Paul Kennedy esteve presente, três fins-de-semana atrás, num congresso internacional na universidade de Yale, onde é professor, e intitulado A degeneração da guerra, 1914-1945. Os académicos presentes analisaram casos práticos ocorridos nas duas Guerras Mundiais, nas quais as lutas se tornaram muito mortíferas e a disciplina militar se deteriorou à medida que cada uma das guerras se prolongava. Mas a análise aplica-se, que nem uma luva, à História contemporânea.

Conclui-se pela existência de dois tipos de degenerescência em tempos de guerra. O primeiro relaciona-se com o aumento físico do número letal das armas empregues. Cada arma nova produz uma maior mortandade face a armas anteriores. O segundo tipo de degeneração é a perda de referência dos princípios das convenções de Haia e Genebra relativamente aos prisioneiros de guerra. Kennedy nota com preocupação o crescendo do primeiro tipo de degenerescência, mas a sua apreensão volta-se para o segundo tipo. E salienta, claro está, as fotografias e os vídeos feitos na prisão de Abu Ghraib.

No caso da guerra do Iraque, escreve Kennedy, à medida que se alarga a primeira degeneração, com aumento de perda de vidas, cresce também a segunda. Os soldados americanos, desfeita a possibilidade de regresso rápido a casa e perante a morte de muitos dos seus companheiros, passariam a tratar duramente os prisioneiros. E o mau tratamento a esses prisioneiros poderá ter vindo de unidades compostas de soldados com menos qualificações e menos disciplinados.

Prossegue o artigo do académico de Yale: pedir agora ajuda à ONU para que apoie os americanos, quando ano passado o vice-presidente americano classificou a organização como irrelevante, parece condenar-se ao fracasso. E Paul Kennedy, mais à frente, cita um livro recentemente aparecido, de Niall Ferguson, para quem o ter poder militar e material pode querer dizer pouco se as opiniões públicas dos Estados Unidos e de todo o mundo se opuserem a esse poderio. E as imagens passadas na televisão, na internet e nos jornais tornaram essas opiniões públicas muito pouco apoiantes do lodaçal desta guerra, como conclui Kennedy.

Paul Kennedy é titular da cátedra Dilworth de História e director do Centro de Estudos de Segurança Internacional da Universidade de Yale. Escreveu Ascensão e queda das grandes potências (Publicações Europa-América, 1997).

SOCIABILIDADE ATRAVÉS DA INTERNET

Félix Moral, professor de Psicologia Social da Universidade de Málaga, elaborou um estudo sobre o tipo de relações sociais que se formam através da internet. Ao contrário do que se afirma comummente, em que os internautas são apresentados como isolados socialmente, o professor malaguenho considera que 80% dos internautas têm grupos de amigos em que a relação estabelecida é muito boa. Isso estende-se às pessoas extrovertidas [creio que o almoço que quase 40 bloguistas no primeiro de Maio em Vila Nova de Gaia demonstrou isso].

Conhecer pessoas é cada vez mais fácil na internet. Primeiro há um contacto intelectual, depois o físico. E o correio electrónico tem a concorrência de grupos de discussão. São as designadas redes sociais, em que se acrescentam novos contactos. Há também contactos profissionais propiciados por sítios como Linkedin e eConozco ou mesmo participar com amigos, procurar novos amigos e colocar fotografias, como em Orkut e Friendster.

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