segunda-feira, 10 de maio de 2004

DEZ ANOS DE HISTÓRIA DA SIC (1992-2002). O QUE MUDOU NO PANORAMA AUDIOVISUAL PORTUGUÊS - IV

[Texto inicialmente publicado na revista Observatório, nº 6, de Novembro de 2002, e aqui reproduzido com pequenas alterações em mensagens já colocadas (29 de Abril, 3 e 6 de Maio)]

Televisão por cabo, expansão dos canais temáticos e relação com o Estado

A televisão por cabo foi um elemento estruturante da actividade televisiva nos últimos anos. O seu arranque no país deu-se em 1995, com destaque especial para a TV Cabo, do grupo Portugal Telecom, com quem a SIC estabeleceu um contrato e que permitiu transmitir a sua programação aos assinantes na Madeira e Açores.

Dois anos depois, com o objectivo de concorrer ao convite feito pela TV Cabo portuguesa, a SIC associou-se com a Globo para a organização e difusão de canais a oferecer aos assinantes daquele distribuidor de televisão por cabo. A parceria envolveu a SIC, a Globo, a TV Cabo e a Lusomundo, com a criação da Premium TV Portugal (a SIC e a Globo controlam 46% do capital social). Nessa sequência, o lançamento dos canais Telecine 1 e Telecine 2 ocorria em 1998 e o Canal Playboy arrancava em 1999.

No âmbito internacional, a partir de 1997, a SIC começou a emitir quatro horas diárias de programação autónoma para França, através da plataforma digital TPS, e no ano seguinte, também pela Lyonnaise Cable de França, enquanto se estabelecia um acordo com a RTP-USA, uma televisão da comunidade portuguesa com sede nos Estados Unidos, para transmitir programação da SIC por cabo a mais de sessenta cidades daquele país com grandes comunidades portuguesas. Em 20000, o horário de transmissão de programas para o estrangeiro passava para as vinte e quatro horas de programação em 2000, ano em que a SIC obtinha uma licença para distribuição da SIC Internacional no Canadá. Ainda em 1999, a SIC preparava um projecto ambicioso na internet, denominado SIC-Online.

A 28 de Junho de 2000, lançou-se o primeiro canal temático, a SIC Gold, com Henrique Mendes como cara do canal. Ainda em 2000, era autorizada a licença do canal SIC Internacional. Ao mesmo tempo, a estação comprava 60% do capital da empresa proprietária do Canal de Notícias de Lisboa, transformado em SIC Notícias, e que arrancou em 8 de Janeiro de 2001. A SIC Notícias tinha estúdio próprio e a redacção estava equipada com tecnologia totalmente digital e um novo sistema informático. Também em 2001 começou a emitir a SIC Radical. A SIC adquiriu outras participações, em 2000, nomeadamente na Lusa (5,2% do capital social) e em consórcio espanhol para um canal generalista, e passou a estar cotada na Bolsa de Valores, através da Impresa.

Um tema fundamental seria a da relação entre a SIC e o Estado. No final de 1996, o governo e as três empresas televisivas haviam chegado a um acordo, o que permitiu eliminar a publicidade do Canal 2 e limitar a publicidade do Canal 1 para 7,5 minutos por cada hora de emissão. Em 1997, o Estado e a RTP assinavam um novo contrato de concessão, o qual recebeu críticas por parte da estação privada, acompanhando críticas de outros anos, visíveis nos seus Relatórios de Gestão. Em 1998, a revisão da lei da televisão trouxe alterações positivas, caso da eliminação dos limites máximos das participações accionistas e à previsão de canais temáticos e codificados, que poderiam ser produzidos em Portugal. O relacionamento entre a SIC e a estação pública manteve-se bom, apesar da concorrência, verificável no apoio que ambas deram, além do Estado, à concretização do IX Fórum Europeu da Televisão e do Cinema, em 1997.

O ano de 1998 foi ainda marcado pela consulta pública sobre a introdução em Portugal da televisão hertziana digital (DVB-T) e o lançamento do anúncio público da televisão digital terrestre decorreria em 2001, de cujo consórcio vencedor fazia parte a SIC. Ainda no final do século, a SIC tomou iniciativas no âmbito do comércio electrónico, no sentido de alargar as suas actividades empresariais.

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