domingo, 8 de fevereiro de 2004

NIPPLEGATE (Mamilogate)

Após o concerto do Super Bowl, em que Janet Jackson mostrou um seio, as cadeias norte-americanas de televisão tomaram a decisão de transmitir em diferido (de segundos a minutos) os programas em directo, através do recurso a técnicas electrónicas de atraso da transmissão.

Recorde-se que, no ano passado, na atribuição dos Óscares, Michael Moore, o realizador de Bowling fo Columbine, aproveitou a ocasião para zurzir em George W. Bush, a propósito da guerra do Iraque, e há meses, o músico Bono, dos U2, empregou um palavrão quando recebeu o Globo de Ouro. Algumas organizações americanas ligadas aos republicanos encontraram na atitude de Jackson o instrumento que precisavam para avançar em defesa da decência e dos bons costumes. A FCC (Federal Commission of Comunication), a autoridade americana para os media, anunciou, entretanto que fará cumprir a regulação que proíbe o uso de determinadas palavras vetadas em televisão, dentro do espírito de “lei das ondas limpas”, proposta pelos congressistas republicanos Lamar Smith e Doug Ose. As televisões aceitaram a imposição, até porque estão em jogo processos de fusão nos grandes conglomerados mediáticos, que dependem da aprovação da FCC e do Congresso norte-americano.

Em comentário a esta situação, o El Pais de hoje traz a opinião do cineasta Pedro Almodóvar, a partir de uma conferência que ele deu na 6ª feira. Em desacordo com a onda de censura, o realizador espanhol considera que o único sector em que se pode aceitar a censura é na publicidade, pois o cliente – o que paga o anúncio – pode dizer o que quer e cortar o que não lhe agrada. Emitir galas como a dos Grammy, hoje à noite, com um falso directo, é pôr mais intermediários entre a realidade e o espectador, eliminando o imediato e a espontaneidade.

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